O Meu Primeiro Half Ironman

Participar no meu primeiro Ironman 70.3 foi uma das experiências mais intensas, emocionantes e transformadoras da minha vida. Antes de entrar no triatlo, eu já nadava há cerca de um ano, por isso a modalidade onde me sentia mais confortável era a natação. Pedalar e correr foram aprendizagens totalmente novas. Ao longo desse ano participei em pequenas provas de natação e em triatlos curtos, principalmente para me habituar ao ambiente competitivo dentro de água: muita gente, contacto físico e confusão. Isso foi construindo a minha confiança para o grande dia.

Se nunca presenciaste uma prova do Ironman, recomendo vivamente. Mesmo para quem não pratica desporto, o ambiente é arrebatador. São milhares de atletas, apoiantes e famílias, uma energia difícil de explicar. A largada em Cascais acontece na baía, ao nascer do sol e é mágico. Acordei às quatro da manhã, tomei o meu pequeno-almoço reforçado, conferi todo o material e, às cinco e meia, já estava a caminho. Passei pelo Parque de Transição, deixei os sacos e segui para a areia, onde estavam a minha família, amigos e várias companheiras de treino. Fiz a prova com o meu marido, o que tornou tudo ainda mais especial. Foi ali, na areia, que senti que aquele dia era o culminar de meses de esforço, disciplina, sacrifícios e pequenas conquistas.

Durante toda a preparação, foi essencial continuar ligada à Swim4Fun e às pessoas do clube. Na véspera da prova, estive com a coach Bibiana e entrei no mar à mesma hora da largada oficial. Nadamos de forma fluida, tranquila e com a luz daquele amanhecer. Testei o fato, a touca, os óculos… tudo. E isso fez com que, no dia seguinte, eu estivesse calma. Eu sabia que era possível.

Mas ninguém nos prepara verdadeiramente para o grande dia. Quando cheguei à areia, vi a minha família, amigos, senti abraços, lágrimas, boa sorte. Com o meu marido, fui aquecer para o mar, como a coach sempre reforçou. Estava escuro, a água fria e o coração acelerado. Voltámos para junto da família e ouvimos o hino nacional, todos abraçados. Emoção pura. Depois fui para a boxe correspondente ao tempo que estimava fazer. A música começou a tocar, as palmas a bater e, de repente, já estava dentro de água.

Os primeiros metros são sempre os mais caóticos: muita gente, braços, pernas, respiração acelerada. Só pensava em encontrar o meu ritmo e não gastar energia em excesso. Respirava para a direita e via o mastro do Ironman ao longe. Pensava “foi para isto que treinei”. Fui encontrando espaço, acompanhando o ritmo de quem ia à minha frente, absorvendo pequenos toques e empurrões sem dramatizar. Até que, no meio de milhares de atletas, encontrei os pés do meu marido. Foi um momento especial, sem palavras. Um sorriso e seguimos. Às vezes basta reconhecer alguém no mar para ganhar um novo fôlego.

Quando vi as primeiras boías laranjas, sabia que estava na última parte da volta. Continuei focada, braçada a braçada, até avistar a rampa de saída. O staff ajudou-nos a levantar, tirei logo o fato, passei nos duches de água doce — que souberam a maravilhas — e hidratei-me. Olhei para o relógio: trinta e cinco minutos, exatamente o que tinha planeado. Um excelente começo.

Na bicicleta, demorei alguns minutos a estabilizar o ritmo cardíaco, mas rapidamente encontrei o meu caminho. Fiz uma prova calma, atenta e consistente e aproveite cada quilómetro. Na corrida, mantive um ritmo controlado, parei em todos os abastecimentos para beber água e isotónico e, na última volta, Coca-Cola — o combustível sagrado dos triatletas. Passo a passo, com calma, completei o percurso.

O Half Ironman foi mais do que uma prova. Foi a celebração de um processo. Meses de treino, disciplina, imprevistos, evolução, superação e novas amizades. A prova é a cereja no topo do bolo. O que te transforma é tudo o que acontece até chegares ali. E eu recomendo esta experiência a qualquer pessoa com curiosidade e coragem para tentar, porque, no final, aquilo que descobres sobre ti vale cada braçada, cada pedalada e cada passada.

Carolina Durão

6 Comments

  1. Stefanie Santos

    🙏 obrigada pela partilha, emocionante!!

  2. Harriet Durao

    Não tenho palavras!
    Para nós os que estávamos de fora, foi pura emoção.
    Tenho tanto orgulho em ser a tua Mãe ❤️

  3. Foi um dia horrível 😂 passei o tempo a olhar para o telemovel a pensar que caías ou tinhas um entorse…e a preparar o discurso para animar 🤷‍♂️
    Ver-te cruzar a meta foi uma inspiração para a vida! Correr o risco de falhar mas ir e ultrapassar é o melhor da vida!
    Muito orgulho! Força!!! 😘

    • Carolina Durão

      Ser pai é isso mesmo… ter um coração elástico, tem hora que encolhe, outra que estica. Obrigada pela preocupação, carinho e suporte!

  4. Nem uma menção ao irmão mais velho que a inspirou em 2019…
    Parabéns mana! Muito orgulho!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *