
Se alguém, algum dia, me tivesse dito que eu concluiria um triatlo, teria respondido que estavam a fantasiar. Eu era a menina que só gostava de ballet. Dizer que a natação em águas abertas sempre fez parte da minha vida seria também fantasia. A natação, sim, esteve presente — pelas mãos dos meus pais, que cedo perceberam a importância de saber nadar. Mas era apenas isso: saber nadar, com respeito pelo mar.
O desafio das águas abertas chegou mais tarde, trazido pelo meu, hoje, marido:
— E que tal participares num triatlo?
Distância super-sprint: 300 metros no mar, 10 km de bicicleta e 2 km de corrida. Em Oeiras. Soou-me possível.
Pois, não foi. Desisti cedo, logo na natação. Impossível, pensam vocês. Impossível para a equipa de apoio, que me incentivava a seguir em frente. Mas não para mim. Desisti naquele dia, sim — mas não desisti de tentar.
Meses mais tarde, cruzei a meta em Cascais e, depois, em Oeiras.
Anos passaram sem regressar ao triatlo, nem ao mar.
Até que os 50 chegaram. E chegaram com tudo!
O mar voltou a fazer parte da minha vida. Com a orientação da Bibiana e o apoio de um grupo cinco estrelas (o grupo de sábado W+), voltei a nadar. Continua a ser sempre um desafio, mas também um momento de paz — e uma celebração da vida.
Filipa Leitão Revés
