Que nadadora sou eu?

Nas últimas semanas, diversifiquei as minhas actividades de natação, e isso levou-me a uma questão muito à Hamlet: “Que nadadora sou eu?” Cada dia é um pouco diferente, desafiante à sua maneira — por vezes galvanizante, outras vezes um pouco preocupante ou até mesmo deprimente.

O meu plano com o Swim4Fun sempre foi bissemanaI. Nadava sempre duas vezes por semana: uma vez em Cascais, na Praia da Duquesa, e outra em Oeiras, na Praia da Torre. Nas últimas semanas, no entanto, tivemos mau tempo e a piscina do Jamor abriu novos dias (nomeadamente à sexta-feira às 13h30, o que encaixa perfeitamente no meu horário). Assim, decidi começar a nadar na piscina para fugir ao mau tempo e acabei por planear novos dias, de forma a compensar as aulas em águas abertas que foram canceladas (obrigada, Tempestade Cláudia). Isso levou-me a treinar até quatro vezes por semana e fez-me perceber que sou uma nadadora diferente — ou, melhor dizendo, que tenho uma percepção diferente de mim como nadadora — em cada um destes dias.

1. Quarta-feira – Praia da Duquesa, 12:00 às 13:00. Natação II
Este é, de longe, o meu dia de treino favorito e aquele em que me sinto melhor durante a semana. Venho de três dias de descanso e o horário é perfeito. Não sou uma pessoa de manhã, e o meio-dia é quando me sinto no meu melhor. Durante a manhã, trabalho a partir de casa, o que me dá a oportunidade de comer com calma e preparar o corpo. Em termos de composição do grupo, fico exactamente a meio: tenho pessoas à minha frente para perseguir e outras atrás de mim ou a nadar ao meu lado. É reconfortante e, ao mesmo tempo, desafiante. “Força, Anna! Estás em grande!!”

2. Sexta-feira – Praia da Torre, 09:30 às 10:30. Natação II
A sexta-feira começa com um desafio logístico maior. A manhã é um pouco apressada: acordo e trato da rotina escolar. Vou de Cascais até São Domingos de Rana, deixo as minhas filhas e depois sigo para Oeiras, já em trânsito. Chego à praia com bastante antecedência. O grupo é óptimo: só mulheres, maioritariamente expatriadas; falamos inglês, fazemos piadas. Não tenho de me esforçar com o português e sinto-me mais à vontade. No entanto, o mar é diferente — mais agitado, com mais ondulação — sente-se muito mais como mar aberto do que na Duquesa. Isso traz também pensamentos contraditórios e algumas inseguranças em relação às condições do mar. Além disso, há frequentemente alforrecas (totalmente inofensivas, eu sei, mas… percebem).

3. Sexta-feira – Jamor, 13:30 às 14:30
Já não entrava numa piscina há muito tempo, e a sensação de regressar foi incrível. Fui invadida por milhares de flashbacks da época em que nadava em Itália: o cheiro a cloro, o espírito de companheirismo nos balneários, a possibilidade de tomar um duche digno desse nome e pôr creme no corpo. Parece um spa comparado com o exterior! Além disso, há sempre tempo para conversar no fim de cada série, e tenho uma treinadora diferente: a Mayra. Gosto de variar, e a piscina é extremamente reconfortante. As condições são estáveis, sem surpresas quanto à temperatura da água, alforrecas, etc. “Anna, minha querida, continuas em grande! Essa é a minha miúda!!”

4. Sábado – Praia da Duquesa, 09:00 às 10:00. Natação II e III
Como o meu marido viaja muito em trabalho, comecei a considerar a ideia de nadar também ao sábado. O mau tempo deu-me a oportunidade de recuperar mais uma aula, por isso avancei. Mas sim, é o meu terceiro treino da semana e estou cansada! Além disso, é praticamente um treino seguido ao de sexta-feira (seja na piscina ou no mar). Este é, de longe, o treino mais exigente. O grupo é grande, o que é fantástico. Nadamos em grupos de 10 a 15 pessoas, e isso cria um enorme sentido de comunidade. Para uma expatriada recém-relocada, é algo incrível! Mas essa companhia tem um preço: são todos muito fortes, honestamente. Eu fico no fundo do grupo. Ponto final. E quando digo no fundo, é mesmo no fundo. Chego ao ponto de destino, por vezes, um minuto depois de toda a gente. E isto é comparando-me com a mais lenta do grupo mais rápido. Fomos longe. Sim, longe! Eu luto. Mentalmente, fico com a sensação de que preciso de melhorar e que nunca é suficiente para conseguir acompanhar. “Onde está a menina da quarta-feira? Para onde foi?”

Então, afinal… que nadadora sou eu? Difícil dizer. Sou claramente todas elas, e espero estar em constante evolução em todas! É sábado, chego a casa às 10h30 e as minhas filhas adolescentes ainda dormem profundamente. Já lutei e ganhei um pequeno prémio: cuidar de mim e dar prioridade aos meus objectivos. Na quarta-feira, o ciclo começa de novo!

Anna Rinoldi

One Comment

  1. Stefanie Santos

    👏 nice to read, Anna.

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