
Tudo começou na prova de Quarteira no Algarve, um lugar que, para muitos, já impõe respeito — mas para mim, foi o verdadeiro início nas águas abertas. Estava também a começar no triatlo na mesma altura, o que, de certa forma, espelhava o que se passava no mar: não sabia exatamente o que estava a fazer, mas sentia que tinha que estar ali.
Naquele dia, o mar estava difícil. Não se via nada, nem para onde ir, nem o que fazer. Era como estar às cegas, mas com o coração firme. O medo batia forte, como as ondas contra o corpo. Ainda assim, continuei.
Sem ver, fui sentindo. Cada braçada, cada ar mais puxado que o outro, como se estivesse a construir uma personagem num palco invisível. Lidei com o mar como quem enfrenta uma cena intensa — com tudo, com entrega.
Mas não foi fácil. Apesar dos treinos na piscina e das simulações em águas abertas, nada me tinha preparado totalmente para o que encontrei ali. A ansiedade antes da partida, o frio que me cortava a pele antes sequer de entrar na água, a sensação de estar sempre a perder o rumo — tudo isso foi real. O ritmo que achava que tinha nos treinos desapareceu ao primeiro embate com uma onda. A técnica que tanto treinei parecia evaporar-se a cada braçada mal dada, a cada engolir de água. O mar mostrou-se como ele é: imprevisível, e acima de tudo, honesto.
Ainda assim, saí. Fiz a prova. E naquele momento percebi: não era só o início de um desporto ou de uma arte. Era o início de me atirar ao desconhecido e confiar que era capaz. A superação não esteve só na meta — esteve em cada segundo dentro de água, onde o corpo lutava e a mente aprendia, onde percebi que o verdadeiro treino começa quando o conforto acaba.

Luís Braz
Parabéns meu filhão. Muito orgulho pela iniciativa. ❤️🥰👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻